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FRANCISCO MELLO

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ENTREVISTA: ARMAGEDDON CORPORATIVO

Nessa entrevista à Modelo PM, Francisco Mello aborda o imediatismo de operações e projetos, que pode levar ao Armageddon. A solução, de acordo com ele, é entender melhor seus clientes e sua equipe.

Modelo PM: Em seus 15 anos de atuação, você já passou por projetos imediatistas?

Francisco: O mundo imediatista é muito comum. Se a empresa não tiver um plano estratégico bem focado, ela tende a direcionar o esforço da equipe para fins momentâneos. Dessa forma, muitos projetos não são destinados a atender um bem maior à empresa: seu futuro e em sua continuidade. Antes mesmo de se falar em prazo, já há um apego a uma solução. O resultado pode ser a destruição da empresa. Um verdadeiro Armageddon corporativo.

fransciscomello_cv_modelopm3Modelo PM: Há empresas que foram, de fato, destruídas nesse contexto de imediatismo?

Francisco: Sim. Por exemplo, trabalhei em uma empresa que vendia eletrônicos e se preparava para a exportação. Só que o plano de negócios da empresa não previu o crescimento que ela obteve em pouquíssimo tempo. Se considerarmos um crescimento de 10% a 20%, talvez não signifique que a mesma porcentagem de novos profissionais seja necessária. Entretanto, essa empresa cresceu em um ano mais de nove vezes o que ela suportava ou vislumbrava. O que acontecesse nesse momento é que todos ficam sobrecarregados e, depois, reativos. Apenas 14 meses após a fundação, apesar da grande lucratividade, ela estava com dívidas devido a processos com clientes e trabalhadores. O planejamento foi falho.

Modelo PM: Ao se detectar um planejamento falho, ainda é possível fazer alguma coisa?

Francisco: O crescimento exponencial da empresa, sem maturidade para isso, significou algo semelhante a pular de um avião sem paraquedas. Nesses casos, a empresa tem uma solução: pisar no freio, se preparar melhor e voltar a crescer. Talvez seja necessário até dar um passo para trás, mas poucas empresas fariam isso. Pode parecer contraditório com um cenário capitalista mas, se trabalharmos a imagem demonstrando responsabilidade, os ganhos ecoam em vozes de clientes satisfeitos, contribuindo, naturalmente, para o crescimento saudável da organização.

Modelo PM: Então é uma questão de maturidade empresarial?

Francisco: Sim, a maturidade é importante. É preciso ter uma estratégia macro para cenários futuros e que possa ser adaptada de acordo com o mercado. Na prática, muitas empresas sabem aonde elas querem chegar, mas a estratégia deve ser focada no cliente e não por um ego. Se uma empresa lança um determinando produto no mercado sem focar nas necessidades dos clientes, mesmo ao ver que ele não emplaca, irá lutar por qualquer alternativa que faça esse produto garantir a sobrevivência da empresa. Assim, voltamos à situação em que o equilíbrio financeiro da organização começa a ficar prejudicado e, por consequência, há maior pressão por prazos imediatos na tradicional situação de “apagar incêndio”. Gradativamente, a empresa vai entrando em um colapso. No imediatismo com imaturidade, foca-se na reação.

Modelo PM: Também há situações de imediatismo em empresas com maturidade?

Francisco: Também ocorre, mas nelas há um time mais preparado. Um exemplo simples de imediatismo produtivo e de resultado seria o caso de um acidente em uma via de São Paulo, alguém aciona a entidade de resgate para uma reação imediata. A equipe de resgate vai transportar o acidentado com as técnicas aprendidas em treinamentos e vai levar a um hospital, onde serão dadas as devidas tratativas. Essa é uma situação em que há um problema imediato, ou seja, uma urgência de prioridade zero, tratado com maturidade e preparo. Da mesma forma, é possível trabalhar projetos com duas frentes ou fases distintas, uma de ação imediata e outra de solução definitiva.

Modelo PM: De que maneira?

Francisco: Podemos ter uma equipe madura, composta por profissionais sêniores e treinada para ações que necessitem de urgência, “imediatismo”. São equipes pequenas de no máximo seis profissionais. Com essa equipe focada em manter a saúde financeira da empresa, outra equipe, composta por profissionais plenos e mesmo juniores, podem trabalhar em projetos de criação de soluções. Sendo a mesma equipe ou não é preciso prever o tratamento de uma solução de caráter mais definitivo. Sem maturidade, a reação vira rotina e sufoca toda a capacidade operacional para tratar problemas.

“É possível trabalhar projetos com duas frentes ou fases distintas,

uma de ação imediata e outra de solução definitiva.”

 

Modelo PM: E formar essa equipe madura também não demanda prazo para formação ou recrutamento?

Francisco: Sempre haverá a necessidade de tempo de planejamento, se houve um crescimento na empresa. Porém, é muito mais produtivo quando você investe em um time interno. Aproveitando as habilidades profissionais mais fortes de cada um, conseguimos equilibrar a equipe e obter ótimos resultados. Um profissional demora no mínimo seis meses para se adaptar à cultura organizacional, considerando uma boa capacidade de comunicação e isso é muito tempo. Um profissional de tecnologia precisa entender que a função da TI é impulsionar resultados e, portanto, ele está sempre no meio de processos, nunca na ponta ou no fim. Por isso, é preciso ter uma boa comunicação.

Modelo PM: A regra funciona para profissionais da geração Y que, muitas vezes, não permanecem seis meses em uma empresa?

Francisco: A geração Y tem a necessidade grande de aprender. Ao encontrar pessoas mais experientes que os ensinem, respeitam e aceitam. Depende de o profissional aceitar o fato que ele precisa estar em um ambiente colaborativo e que ele precisa aprender. Quando você aceita o jovem Y já ganha 50% de sua atenção. E o respeito você ganha mostrando que você tem tanto a aprender com ele, quanto ele com você. É uma receita simples, mas que dá muitos resultados na retenção e aprimoramento de talentos.

pp_armageddon1Modelo PM: Em relação ao prazo, qual a vantagem de se desenvolver uma equipe interna em relação à terceirização?

Francisco: O terceiro vai perder um determinado tempo para entender o funcionamento da empresa, descobrir com quem ele pode se consultar e, principalmente, para romper barreiras, para que as pessoas se abram como um canal de comunicação. Mas se não há ninguém no quadro operacional com uma habilidade específica, a solução é trazer de fora.

Modelo PM: Como desenvolver equipes maduras?

Francisco: É preciso entender o que o profissional tem de mais forte e aperfeiçoá-lo para que se encaixe no quebra-cabeça da empresa, em seus princípios e valores. O mapeamento de competências é tão importante quanto manter todos do time fazendo algo. É preciso investir nesses fatores fortes, seja por meio do coaching de profissionais mais experientes, seja por treinamentos. Mediante a previsão da necessidade de novas demandas, é preciso já preparar determinados integrantes para especificidades. Quando tiver necessidades especificas, deve ser possível buscar pessoas com essa especialização ou que tenham a capacidade de discutir e apontar soluções. É desperdício de tempo investir em especializações que a pessoa não tenha interesse. Não se corrige o tronco de uma goiabeira.

Modelo PM: E quando o cliente é imediatista?

Francisco: Há dois aspectos a serem analisados: o emocional e a real necessidade. É preciso diferenciar resultados que resultam em prazer e reconhecimento e resultados voltados para a sobrevivência. O imediatista emocional espera, pois sabe que com isso pode obter maiores ganhos, desde que saiba quando vai recebê-los.

Modelo PM: Então, a solução é negociar?

Francisco: A solução é detectar qual a real necessidade do cliente, mais do que o prazo, para atendê-lo de forma eficaz. O prazo é sempre consequência de um esforço. Mesmo com nove mulheres, não vai nascer um filho em um mês. Claro, é preciso saber até onde ir com o cliente naquele momento e dividir as entregas por fases. Principalmente, entregar no prazo o que é necessário para o negócio, de acordo com o mercado em que atua. Depois, o desejo pode ser incluído. Se você for 100% correto e verdadeiro com o cliente, ele vai entender que você faz o melhor, pode se queixar, mas vai confiar em você. Relações duradouras partem do princípio da confiança e de quanto conseguimos atender à necessidade e à vontade do outro. Portando, equilibrar isso é o que nos mantém no cenário empresarial.

Tatiana Penido, da Redação Modelo PM

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